recordações que guardo caminhando por ai...

1 de julho de 2011

De volta a Casa do Pai

Deus, na sua infinita graça, sempre concede oásis em meio ao extenso deserto.

Tenho experimentado, como eu disse no meu ultimo post, grandes tristezas e grandes alegrias. Foquei muito nas tristezas da última vez e, pensando melhor, descobri que isso não leva a nada. Claro, é sempre necessário o crescimento, mas ele não vem só através das dores da vida: os momentos de tirar o fôlego de tanta alegria me tem feito crescer muito. Gostaria de compartilhar uma experiência que tive recentemente.

Estava voltando do Encontro Nacional de Obreiros da Mocidade para Cristo (MPC). Depois de deixar uma amiga que estava muito doente em casa, passei em um drive true do McDonalds: era a forma mais rápida de comer e ir pra casa. O ENO foi maravilhoso: Deus me tratou intimamente através de cada palavra e de várias pessoas e seus testemunhos. Mas eu não estava bem: recebi notícias muito difíceis também que me fizeram retrair. Diversas dúvidas assolavam meu coração e eu não sabia como lidar com elas. O acampamento foi atacado por um onda de vírus que provocou muito mal estar em vários acampantes. Uma das minhas amigas, sentindo-se muito mau, pediu para leva-la em casa. Esse pedido se juntou com a minha vontade enorme de ir pra casa: eu queria mesmo descansar e passar um tempo quieta, pois era certa que já tinha recebido muito de Deus no encontro. Queria me aquietar.
Com isso, deixei a amiga em casa e, ao ligar pros meus pais, descobri que eles estavam em um aniversário. Minha certeza era: não sai do meio da multidão para entrar em outra multidão, então escolhi o caminho para um almoço rápido e, logo depois casa!
Quando cheguei no Mc de umas das quadras da Asa Sul, o drive tru estava fechado (algo nada comum), então fui obrigada a descer do carro e entrar no estabelecimento para comprar o almoço rápido. Ao sair com meu saquinho de comidas nada saldáveis, deparei-me com um menino de uns 19 anos sentado perto do carro. Olhei pra ele e meu coração fisgou uma coisa: seu olhar desolado. Ele estava chorando por dentro. Eu percebi que ele estava cuidando dos carros. Meu cansaço falou mais alto. Minha vontade falou mais alto do que a voz de Deus me mandando dar uma palavra de esperança para aquele jovem. Eu entrei no carro egoistamente, liguei o motor e fui para uma deliciosa tarde de sono profundo. Acordei. Esqueci a cena. Fiquei com meus pais, assisti a um filme, liguei o computador e o sono bateu de novo. Já eram quase 0h. Eu fui pro meu quarto e comecei, hipocritamente, minha devocional diária. Ao abrir a Bíblia ao “acaso”, deparei-me com versículos que tinham uma mensagem clara: que amor é esse que vocês aprenderam e não vivem? Continuei lendo interessada. Estava claro que tudo ali falava de um amor que provinha de Deus, entrava em nós e era manifesto por obras.  Todos precisam desse amor. Todos. Como creram se não há quem pregue?
De repente, uma lembrança me veio a mente como um soco dado pelo próprio Deus. “Thalita, porque você não me obedeceu hoje? Aquele jovem precisa de mim. Vá agora lá”. Nossa...e que soco. Eu comecei a chorar pedindo perdão a Deus. Fui cercada de um enorme constrangimento. E agora? Finjo que não ouvi nada? Meu Deus, são quase 0h, você ta maluco? Eu? Sair sozinha essa hora? Ir em um lugar escuro? O menino nem deve estar lá!
Não adiantou. O sono foi embora e a voz do Espírito Santo não parava de falar ao meu coração: ora me lembrando do meu dever como cristã, ora me levando a amar um jovem que não conhecia e a perceber o quanto ele se parecia comigo antes de Cristo.

Cansada de lutar contra meu EU egoísta fui à sala. Encontrei minha mãe tocando lindamente teclado, louvando ao Senhor enquanto preparava o louvor do domingo (a essa hora já era quase domingo). Eu contei pra ela o que tinha acontecido e o quando Deus estava tocando no meu coração. Peguei um casado para dar ao menino, algum alimento e uma Bíblia NVI para entregar ao jovem. Minha mãe se espantou um pouco e me deu uma bronca dizendo que deveria ter ido a tarde. Eu pedi perdão, disse que errei. Logo ela disse “vou com você”.

Depois de avisar meu pai dessa loucura santa, entramos no carro, colocamos uma música e fomos ao mesmo lugar que tinha estado algumas horas antes. Chegando lá tentei reconhecer o rosto do menino, mas agora não havia mais um jovem, mas uns cinco! Eu não conseguia ter certeza de quem era o jovem que havia visto a tarde. Desci do carro (com certeza minha mãe ficou olhando do retrovisor orando) e fui falar com outro jovem que estava perto dos carros vigiando.

Aproximei-me dele, disse meu nome e perguntei quem era o jovem que esteve ali à tarde no mesmo dia. Ele me disse o nome do único rapaz que esteve ali no horário que eu informei e falou que ele tinha acabado de ir embora. Eu perguntei o nome dele e disse o porque estava ali, contei a história e ele ficou muito interessado. Depois de ser informada de que no domingo ele estaria ali por volta de 11h fui embora.

Não entendi muito porque Deus havia me incomodando tanto se o jovem que eu tinha visto nem estaria no estacionamento. Mas logo descobriria que o plano dele era bem mais amplo.

No dia seguinte fui à igreja, mas minha mente não parava de pensar na experiência que teria daqui a poucas horas. Quando deu 11h saí voando! Quando cheguei ao estacionamento do drive tru fastfood encontrei apenas um jovem, o que havia conversado na noite anterior. Perguntei a ele se o jovem que procurava já estava chegando. Ele respondeu que logo e eu voltei para o carro. Novamente o Espírito Santo cutucou meu coração e eu já havia entendido o que era.
Voltei para o meio fio onde o menino estava sentado e me sentei ao seu lado. Começamos a conversar e logo estávamos falando das dores do coração dele, de suas dificuldades e da sua vida. Ele era de outro estado brasileiro e, recém chegado a Brasília, já queria voltar pra casa, pois as dificuldades estavam enormes. Ele morava hora lá hora aqui, sem sua família e com poucos amigos: apenas colegas de trabalho. Eu falei do meu testemunho e de como Deus havia suprido tudo o que estava vazio em mim. Ele gostava muito de histórias da Bíblia e começou a pedir para eu contar: devo ter contado umas 10, até a história do meu nome foi contada (Talita, filha da Jairo, a menina que Jesus ressuscitou). Ele conhecia algumas coisas, mas estava longe de Jesus. Ao final da conversa, quando avistamos o jovem que eu procurava sentado do outro lado da rua, o garoto com o qual eu conversava tinha percebido o quanto precisava de Deus: eu percebi que o propósito de Deus era muito maior do que eu imaginava. Durante a nossa conversa um casal de jovens com uma criança chegou e ouviu nossa conversa, ou seja, ouviram sobre o amor de Deus, mas logo tiveram que ir embora.

Atravessei a rua e me sentei ao lado do jovem que tanto procurava. Ele me olhou curioso. Eu disse “Olha, eu nunca vi alguém mais amado que você. Deus me mandou aqui porque ele quer que você saiba o quanto te ama”. Esse foi o início da conversa, mas eu apresentei pra ele o plano da salvação: a pessoa, a obra e os ensinamentos de Jesus Cristo, mesmo que resumidamente. Conversamos com muito tempo. Ele falou das dificuldades que vinha passando com seus pais e seus irmãos. Eu o ouvi atenta, sabia que essa era a maior necessidade naquela conversa: aprender a ouvir. Em algumas momentos dava uma boa palavra. Eu não sabia de onde estava vindo tudo o que falava; de repente surgiu em uma compaixão além dos limites no meu coração: era Deus me mostrando o quando amava aquele menino. Existia um propósito ali maior do que eu imaginei.

Para a glória de Deus, houve festa no céu naquele dia. Ao final da nossa conversa, nós oramos e o rapaz entregou a vida a Cristo, admitindo suas falhas e me disse “eu quero que tudo em minha vida seja transformado”. Essa frase fez todos as minhas dores pareceram pequenas. O amor de Deus era maior que todas elas.



“Hoje é dia de festa na casa do Pai
Todo dia é festa na casa do Pai
Sempre existe uma chance
Sempre há tanta esperança
Como toda criança, a minha festa é na casa do Pai

Porque o filho retorna para a casa do Pai
O lugar do folguedo: casa do Pai
Nosso Deus amoroso, nosso Pai carinhoso
Todo dia é dia de folia na casa do Pai

Na casa do Pai há abundância de alegria
Na casa do Pai, segurança e proteção
Na casa eu vejo tudo o que não via
Longe do pecado e da minha ilusão

A casa do Pai é o melhor lugar do mundo
A casa do Pai, Casa de Oração
Casa do pai é meu modelo, pão e vinho
Casa do Pai e nosso próprio coração”

                               Gerson Borges

Nenhum comentário:

Postar um comentário