recordações que guardo caminhando por ai...

21 de junho de 2011

Se paz a mais doce... Se dor a mais forte...

           Tenho vivido um momento de árduo crescimento em Deus. Várias dúvidas, tristezas, dores, conflitos tem assolado minha mente, meu coração, meus relacionamentos. Isso tem me levado a pensar sobre muitas coisas. No ano novo, pensei que esse ano seria de uma determinada forma. Elaborei, planejei, projetei tudo. Claro, pensei que seria ótimo do meu ponto de vista. Mas o ano começou e se mostrou um tempo de entender muito coisas, de viver coisas que me levariam a extremos: extremos de alegria e de tristeza. Era um tempo de entender que sou realmente humana: até então parecia que não tinha me dado conta disso.
Vivi decepções que, sinceramente, mudaram minha forma de ver as pessoas. Tem sido mais difícil confiar, mais difícil amar, mais difícil acreditar. Decepcionei-me com grandes amigos, me decepcionei com o curso que faço, pois não houve identificação alguma. Decepcionei-me comigo mesma por ter me decepcionado.
           Esse ano eu senti as maiores dores que jamais havia sentido: dores físicas, com uma otite grave que me levou a uma cirurgia de emergência: doeu se contorcer de dor em uma cama, vendo sua mãe orar ao pé dela pedindo misericórdia a Deus (minha mãe é médica e ela não sabia mais o que fazer para parar a insuportável dor que me tirava não só a paz mais o controle do corpo). Senti dores emocionais que me levaram a grandes crises. Doeu perder algumas coisas, doeu ser forçava a abrir mão, sentir-se substituída, menosprezada. Doeu parar de crer em tantas coisas: deixar de ter esperança em sonhos que pensei serem a primazia da minha identidade. E como doeu. Doeu reconhecer perante Deus que não o amava tanto como eu imaginava. Que não sabia se realmente acreditava Nele. Doeu não saber o que fazer, me ver em um abismo do qual minha sincera vontade era saltar, mas estava ainda enrolada (graças a Deus) no afetuoso abraço do Criador.

Digo tudo isso com pesar e tentando fazê-los entender que ainda não saí da maioria dessas dores. Tenho tentado aprender com elas, mas na maioria das vezes elas parecem ser muito, muito maiores do que eu seu capaz de ultrapassar: de simplesmente dizer "e olhando para as coisas que para trás ficam, prossigo para o alvo". É... com certeza pra muitas dessas dores ainda não consigo dizer tais palavras.

Como eu disse, há um ano eu nunca pensei que chegaria ao ponto de dizer a Deus "Senhor, chega. Daqui em diante não aguento mais". Sempre me imaginava um super-herói, alguém capaz de tudo, alguém que olhava para o futuro e dizia: vamos lá!
... Como eu queria voltar a ter essa vontade de lutar contra tudo para alcançar um sonho, para mostrar ao mundo minha alegria e dizer de onde ela vem. Não me sinto forte o suficiente agora. Ao contrário, tenho me sentido muito, muito fraca. Não quero levar ninguém à tristeza, mas digo: não sabia que dentro de mim havia um oceano pronto para ser jorrado pelos meus olhos.

Mas (e eu amo essa expressão de oposição!), apesar de toda incerteza, frustração, dor, tristeza e outras palavras que tenho descoberto sentir, todos os dias à noite, quando pareço dolorida demais até para me dar ao luxo de dormir, uma paz me constrange. Outro dia fiquei inclusive incomodada com tamanha paz... chegou a assustar. Como um sussurro de um Deus infinito falando aos meus ouvidos eu ouço: Eu estou aqui. Eu estou aqui. Eu estou aqui e eu cuido de você. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manha: já vai chegar o tempo de sorrir sem nenhuma falsidade. Você está crescendo, me conhecendo, aprendendo a se jogar no meu amor, no meu controle, na minha força.

...É arrepiante.

Como disse, ao mesmo tempo em que tenho experimentado o extremo de grandes frustrações (e meus pais, melhor do que qualquer um podem comprovar isso), onde meus amigos, por mais belas palavras ditas, não conseguem entender ou consolar meu coração, tenho experimentado o extremo do amor de Deus. Um amor que, agora eu entendo mais um pouco, preenche o que parecia não haver solução. Isso me dá uma única certeza: ele pode curar a ferida incurável.

Espero que da que há algum tempo eu olhe para trás e diga, como disse ao final da cirurgia, foi bom ter passado pela aflição. Ela me levou a honrar ao Senhor.

Vamos lá, continuando o tratamento.


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